Quer tirar o sono de algum escritor? Escreva ou telefone dizendo que achou um erro no seu mais recente livro. Se isso já acontece normalmente com revistas e jornais, haja vista os “erramos”, com um livro, que pode ser lido por gerações, é muito mais doloroso.
Hoje em dia achar erro em livros não é uma coisa tão incomum: as primeira edições do livros do Paulo Coelho, por exemplo, ficaram famosas pelos erros de concordância. Livros com grandes tiragens, como “O Código Da Vinci”, talvez devido à pressa de soltar grande quantidade para ser consumida rapidamente por R$ 39,00 quando hoje, passado a febre, pode ser comprado, novo, por pouco mais de R$ 16,00, saíram com diversos problemas de gráfica: cadernos montados errados, folhas sem imprimir, ou duas impressões de páginas diferentes sobre uma mesma folha. Mas e muito antigamente? Quando a composição, os clichês e as impressões dos livros brasileiros não eram feitas aqui?
A grande editora dos autores brasileiros do início do século passado era a Casa Garnier, que mandava os livros serem editados e impressos na França. E o que acontece quando se junta uma grande editora e um grande escritor? Um grande erro...
Machado de Assis, conhecido pelos romances, publicou também poesia, crítica e teatro. Seus poemas são pouco conhecidos. Já quase no final da sua vida resolveu reuni-los todos em uma mesma edição, logo batizada de “Poesias Completas”. Para tal obra, resolveu convidar um amigo para escrever a apresentação. O amigo rasgou mais seda na introdução produzida do que Machado gostaria, e de pronto ele resolveu deixar as palavras do confrade de lado e ele próprio fazer o texto. Pois aí a coisa ficou feia. Machado escreveu no final dele: “Não deixo esse prefácio, porque a afeição do meu defunto amigo a tal extremo lhe cegara o juízo que não viria a ponto reproduzir aqui aquela saudação inicial.” Imagine a cara do escritor quando pegou o seu exemplar impresso e viu que na palavra “cegara” a letra “e” foi trocada pela letra “a” na tipografia, para decepção e transtorno do Bruxo do Cosme Velho. Rapidamente foi recolhida a edição e tratou-se de sanar o problema, que ficaria famoso no meio bibliográfico brasileiro. Alguns dizem que o próprio Machado passou tardes e tardes no escritório da Garnier corrigindo à mão a maior parte dos exemplares. Outros tantos tiveram a letra “a” raspada e o tipo “e” batido logo em cima, o que dá para perceber claramente pelo desalinhamento das letras. Ainda existem os que foram vendidos antes que se percebesse o problema e que permaneceram sem correção.
O que aconteceu com o texto de Machado é popularmente conhecido nas antigas tipografias como “gralha”, ou seja, a troca de uma letra durante a composição, que já fez nosso Imperador Dom Pedro II sair de um navio apoiado em duas “mulatas” ao invés de muletas. A correção também pode ser mais engraçada que o erro, como no caso de um jornal português. A Rainha de Portugal, Dona Amélia, foi chamada de Sua Majestade, a Bainha; na correção, ela passou a ser a Tainha.
Outra praga que dava nas tipografias era o “pastel”, nome que se dá a inversão de letras, sílabas, partes de parágrafos ou até de parágrafos inteiros. Um exemplo típico, e que nos dias de hoje faria a alegria de muitos contribuintes, encontra-se na seguinte notícia: “No Matadouro Municipal, abateram-se ontem 32 reses, 12 porcos, oito carneiros e o deputado Fulano de Tal”. O nome do deputado deslocara-se da seção de aniversários para a de abate de animais.
Hoje em dia, com a evolução da tecnologia, dificilmente o pastel e a gralha, hilários para quem lê e não tem nada a ver com eles, ocorrem. Nas próximas postagens vou dar alguns outros exemplos de livros e materiais impressos famosos e colecionáveis devido aos erros que contêm.
Hoje em dia achar erro em livros não é uma coisa tão incomum: as primeira edições do livros do Paulo Coelho, por exemplo, ficaram famosas pelos erros de concordância. Livros com grandes tiragens, como “O Código Da Vinci”, talvez devido à pressa de soltar grande quantidade para ser consumida rapidamente por R$ 39,00 quando hoje, passado a febre, pode ser comprado, novo, por pouco mais de R$ 16,00, saíram com diversos problemas de gráfica: cadernos montados errados, folhas sem imprimir, ou duas impressões de páginas diferentes sobre uma mesma folha. Mas e muito antigamente? Quando a composição, os clichês e as impressões dos livros brasileiros não eram feitas aqui?
A grande editora dos autores brasileiros do início do século passado era a Casa Garnier, que mandava os livros serem editados e impressos na França. E o que acontece quando se junta uma grande editora e um grande escritor? Um grande erro...
Machado de Assis, conhecido pelos romances, publicou também poesia, crítica e teatro. Seus poemas são pouco conhecidos. Já quase no final da sua vida resolveu reuni-los todos em uma mesma edição, logo batizada de “Poesias Completas”. Para tal obra, resolveu convidar um amigo para escrever a apresentação. O amigo rasgou mais seda na introdução produzida do que Machado gostaria, e de pronto ele resolveu deixar as palavras do confrade de lado e ele próprio fazer o texto. Pois aí a coisa ficou feia. Machado escreveu no final dele: “Não deixo esse prefácio, porque a afeição do meu defunto amigo a tal extremo lhe cegara o juízo que não viria a ponto reproduzir aqui aquela saudação inicial.” Imagine a cara do escritor quando pegou o seu exemplar impresso e viu que na palavra “cegara” a letra “e” foi trocada pela letra “a” na tipografia, para decepção e transtorno do Bruxo do Cosme Velho. Rapidamente foi recolhida a edição e tratou-se de sanar o problema, que ficaria famoso no meio bibliográfico brasileiro. Alguns dizem que o próprio Machado passou tardes e tardes no escritório da Garnier corrigindo à mão a maior parte dos exemplares. Outros tantos tiveram a letra “a” raspada e o tipo “e” batido logo em cima, o que dá para perceber claramente pelo desalinhamento das letras. Ainda existem os que foram vendidos antes que se percebesse o problema e que permaneceram sem correção.
O que aconteceu com o texto de Machado é popularmente conhecido nas antigas tipografias como “gralha”, ou seja, a troca de uma letra durante a composição, que já fez nosso Imperador Dom Pedro II sair de um navio apoiado em duas “mulatas” ao invés de muletas. A correção também pode ser mais engraçada que o erro, como no caso de um jornal português. A Rainha de Portugal, Dona Amélia, foi chamada de Sua Majestade, a Bainha; na correção, ela passou a ser a Tainha.
Outra praga que dava nas tipografias era o “pastel”, nome que se dá a inversão de letras, sílabas, partes de parágrafos ou até de parágrafos inteiros. Um exemplo típico, e que nos dias de hoje faria a alegria de muitos contribuintes, encontra-se na seguinte notícia: “No Matadouro Municipal, abateram-se ontem 32 reses, 12 porcos, oito carneiros e o deputado Fulano de Tal”. O nome do deputado deslocara-se da seção de aniversários para a de abate de animais.
Hoje em dia, com a evolução da tecnologia, dificilmente o pastel e a gralha, hilários para quem lê e não tem nada a ver com eles, ocorrem. Nas próximas postagens vou dar alguns outros exemplos de livros e materiais impressos famosos e colecionáveis devido aos erros que contêm.
4 comentários:
Parabéns pelo excelente post.Primeira qualidade!!!! vim te convidar para conhecer o Compartilhando as Letras, sua visita muito me honrará.Vou linkar seu lindo Blog, ok??
Cheguei até aqui, através do Blog da Rita e do André.
Fantástico.
Fazia tempo que não via algo novo por aqui, estava sentindo falta.
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Centralizando a vida digital.
Olá... Faço parte de um projeto chamado "Circulos de Leitura", do Instituto Fernand Braudel, onde levamos grandes clássicos literarios até as escolas das periferias e bairros de São Bernardo do Sampo e São Paulo.
Venho em nome do projeto lhe convidar a participar de um de nossos encontros na nossa central.
Gosto muito de seus textos, e devido ao seu conhecimento em literatura, seria muito interessante sua participação com nossos multiplicadores.
Nossa central, conhecida como "Casinha" fica em São Paulo no bairro Higienópolis.
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