segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Por falar no Jornal O Estado de São Paulo...

Um cavaleiro sentado em um cavalo vaga por uma cidade colonial, onde os campanários de duas igrejas se destacam. O que é isso?

É um dos ex-libris mais impressos no Brasil. Figurando há mais de 70 anos nas páginas de O Estado de São Paulo, a marca usada pelo jornal é um bom exemplo de ex-libris simbolista. Ele presta uma homenagem ao primeiro jornaleiro paulistano, o francês Bernard Gregoire, que em 1876 passou a andar vagarosamente com o seu cavalo pelas estreitas ruas de São Paulo de Piratininga, tocando sua corneta e anunciando a venda da edição do dia de A Província de São Paulo, por 40 réis. O jornal A Província viria, anos mais tarde a se transformar em O Estado de São Paulo.

Nos anos 30 do século XX, o artista José Wasth Rodrigues (1891-1957) confeccionaria para o jornal esse ex-libris. Wasth Rodrigues foi um importante pintor e desenhista paulistano do início do século. Seus trabalhos são os mais variados: é autor do desenho do brasão da cidade de São Paulo, em co-autoria com Guilherme de Almeida; realizou as pinturas dos azulejos dos monumentos do antigo Caminho do Mar e do obelisco do Largo da Memória; fez pesquisas históricas e arquitetônicas que deram origem a livros como o Documentário Arquitetônico, ainda hoje editado e o raríssimo Uniformes do Exército Brasileiro, em co-autoria com Gustravo Barroso, além das ilutrações de diversos livros, como a obra de Clóvis Ribeiro: Brasões e Bandeiras do Brasil. Dedicou-se à pintura de óleos e aquarelas, sempre com motivos brasileiros, por conta de seu nacionalismo convicto. Foi considerado pelo poeta Carlos Drummond de Andrade o maior heraldista brasileiro.

Além de Gregoire, o ex-libris de O Estado de São Paulo retrata também uma paisagem que já não existia mais. A construção às costas de Gregoire é o prédio da antiga Sé de São Paulo, demolido no começo do século passado, e a outra edificação é a antiga Igreja de São Pedro dos Clérigos, igualmente demolida. Para o paulistano localizar-se, nos dias de hoje o prédio da Caixa Econômica, na Praça da Sé, ocupa o lugar da antiga igreja de São Pedro dos Clérigos, e a antiga igreja da Sé tem seu lugar assinalado pela estátua de Anchieta em um canto da Praça da Sé próximo à Rua Direita. É a arte do ex-libris servindo como apoio à memória paulistana.

2 comentários:

lucianasoga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lucianasoga disse...

Você poderia dizer onde conseguiu essa informação ?
(lucianasoga@gmail.com)

Luciana Soga
Obrigada