sábado, 15 de agosto de 2009

Jack, o estripador

Quem aqui nunca ouviu falar sobre ele? Quer seja em filmes ou em HQs, ou mesmo em livros a respeito? A imagem que vem à mente, quando o tema é levantado, é a de um homem de capa e chapéu andando pelas nevoentas ruas londrinas. Mas na verdade nunca ninguém o viu com certeza. Embora alguns apregoem que sabem quem ele é, o certo é que até hoje, mais de cento e vinte anos após os seus crimes, não conseguiram provar nada sobre nenhum dos acusados.

O livro Jack, o Estripador, escrito pelo autor Paulo Schmidt e publicado pela Geração Editorial, não é mais uma das obras cheias de achismos ou de teorias conspiratórias dementes como tantos outros. É um bem elaborado estudo onde, inicialmente, o autor contextualiza Londres e a Era Vitoriana, seus costumes, seus falsos moralismos, a prostituição, a pobreza do West End londrino, pintando com as cores mais reais e tristes possíveis o ambiente onde os crimes ocorreram. Após levar o leitor por esse passeio histórico e alicerçar o cenário, os crimes, propriamente ditos, tomam a cena. Pessoas de estômago fraco devem ficar bem longe dessa obra, ou ao menos desta parte - tudo foi descrito em minúcias, tendo por base os relatórios policiais, depoimentos, fotos e as autópsias realizadas pelos legistas, ou seja, sangue, sangue, sangue e mais sangue. Mas o que assusta mesmo não é o rubro líquido vital, é a maldade, a violência, o ódio com que as prostitutas foram atacadas. A próxima parada são os suspeitos, do neto da Rainha Vitória, a um dos médicos da corte, passando por cowboys norte-americanos, judeus (os bodes expiatórios prediletos), detetives amadores que acabaram se tornando suspeitos e muitos e muitos lunáticos que estavam no lugar errado, na hora errada. Ninguém na Londres do fog e do fish and chips passou ileso de ser suspeito, excetuando-se a Rainha e a enfermeira Florence Nightingale.

Boa parte da obra analisa esses suspeitos, quer tenha sido levantados pela polícia ou pela sociedade na época, quer tenham sido acrescentados por "estripologistas" posteriormente. O autor apresenta quem são os acusadores ou de onde surgiram as teorias de que aquela determinada pessoa seria Jack, bem como o porquê, e por fim a sua conclusão, dividida em prós e contras.

Schmidt não dá o seu palpite a respeito de qual seria a verdadeira identidade do primeiro Serial Killer do mundo, que deixou em pânico os moradores de Whitechapel, bem como a inepta Scotland Yard. Apesar das bravatas de muitos detetives e de seus superiores, poucos homens conseguiram realmente chegar perto de Jack. A verdade é que, depois de seu pior assassinato - o de Mary Jane Kelly, no Beco de Miller - o que realmente aconteceu com ele, por que parou de matar, e quem era, são perguntas cujas respostas encontram-se envoltas em um mistério tão denso quanto o famoso fog londrino.


Jack, o Estripador - a verdadeira história, 120 anos depois
Autor: Paulo Schmidt - Reportagem
Formato 16x23 cms, 240 págs.
ISBN: 978-85-61501-08-2
R$ 39,90

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