domingo, 24 de fevereiro de 2008

Ruth Guimarães

Quem esteve na sexta-feira, 22 de fevereiro, no Zoológico de Guarulhos, precisamente no Museu de Ciências Naturais, viu uma cena muito bonita: a escritora Ruth Guimarães, do alto de seus mais de oitenta anos e dezenas de livros publicados, ouvindo atentamente um garoto de nove anos narrar um dos contos coletados por ela em seu livro "Calidoscópio: A Saga de Pedro Malazarte". Os olhos dela brilhavam. Tive nas mãos recentemente uma tradução feita por ela de Apuleio, editado pela Cultrix na década de sessenta. No prefácio desse livro ela já falava em oralidade, em contadores de história, na coleta folclórica, tão importante, e que aprendeu com um dos primeiros brasileiros a fazer isso, seu professor Mário de Andrade.

O evento onde a cena descrita acima ocorreu foi o lançamento da obra "Histórias de Onça", escrita por Ruth Guimarães, que é o primeiro, de uma série de nove livros que formam o Projeto Macunaíma, idealizada por Ruth, que a Usina de Idéias Editora acaba de lançar.

Romancista, folclorista, teatróloga, tradutora, jornalista... ufa! Perguntei a ela se pular de pára-quedas também estava na lista, ela deu um riso maroto e disse que não.

Só havia ido lá ajudar no lançamento, afinal a editora é da família. Não tinha tido muito contato com D. Ruth, apesar de a filha dela, Junia Botelho, ter traduzido a obra que editei, e que leva o selo do Bazar das Palavras: "Uma Festa Brasileira", de Ferdinand Denis. Mas passar o dia todo com ela na sexta-feira foi muito bom. Agora o Bazar das Palavras tem para venda, além do "Histórias de Onça", a sua obra "Calidoscópio", sem distribuição anterior, e o embrião de um próximo lançamento com o nosso selo, uma obra da escritora fora das prateleiras há quase sessenta anos.

Tenho que concordar com Gabriel Chalita e com Guimarães Rosa, que chamaram Ruth de fada: só uma criatura mítica para encantar tanto a tantas gerações.

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