sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Acordo Ortográfico entra em vigor em 2008



Li bastante sobre o assunto, mas eis que hoje, folheando a Revista de Antropofagia, encontrei um editorial de 1928 (Ano I, nº 6) Escrito por Alcântara Machado, eis o que pensava ele a respeito dos "povos irmãos" naquela época:

"VACA

Os portugueses do Rio de Janeiro ofereceram ao ministro brasileiro das Relações Exteriores uma vasta placa de bronze. Quizeram com isso homenagear o homem que obrigou os membros de um congresso qualquer a ouvirem discursos no grego de Camões.

Mais uma vez o Brasil defedeu o que em Portugal chamam de patrimônio comum da raça. Defesa que cabia aos lusitanos. Mas não tendo mais fôrça nem autoridade para isso arranajaram advogado convencendo-o que tambêm tinha interesse na causa. De forma que não pagam honorários. Contentam-se em dar um presentinho de tempos em tempos.

Está tudo errado. A língua portuguesa não é patrimônio comum da raça. Primeiro por que não há raça mas raças. Segundo por que não há língua mas línguas.

O português diz que sim. Préga a unidade e tal. É a cousa de sempre: Quando estava de cima só gritava eu, agora que está por baixo faz questão do nós.

Essa união luso-brasileira é que nem aquela de Mutt e Jeff deante do cinema numa caricatura de J. Carlos:

- Vamos fazer uma vaca, Jeff?

- Vamos: você entra com dez tostões e eu entro com você.

Sem tirar nem pôr. "

O que diria Alcântara Machado hoje?!?!? Adoraria vê-lo conversando com Saramago...

P.S. A digitação seguiu a ortografia da época :-)

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