O Brasil pode ter de tudo, roubalheira na política, nos serviços bancários e mais uma porção de outras coisas que não é tão fácil ver em países do dito primeiro mundo. Porém, ao ler o livro O Golem do Bom Retiro, do escritor Mário Teixeira, é impossível não se encantar com o povo brasileiro.
A aventura junta alguns personagens que em outros lugares não se olhariam duas vezes ao se avistarem andando na rua: Ariel, judeu, filho de um rabino; Riri, brasileira, uma garota que adora brincadeira de meninos, incluindo jogar bola; e Nico, um afrodescendente, órfão de mãe, engraxate e eventual morador de rua. Os três têm uma coisa em comum: problemas com uma turma de skinheads que infesta o Bom Retiro, bairro central de São Paulo.
Ariel, ajudado pelo futuro cunhado, Moisés, acaba recriando o mitológico Golem. Baseado nas tradições judaicas, o homem foi moldado em barro por Deus, que lhe soprou a vida através das narinas. Segundo antigas lendas o homem pode fazer o mesmo e dar vida a um Golem, mas o sopro que ele dará ao ser de barro não será divino, apenas humano, e a criatura ficará desprovida de alma. Pois bem, os três partem com o Golem nas mais diversas aventuras pelo Bom Retiro atrás dos skinheads, e até de picolé de limão a criatura aprende a gostar!
A narrativa é rápida, leve e cheia de sacadas geniais. Eu li o livro em dois dias! Impossível não se encantar pelo modo como o autor apresenta a miscigenação em seu texto. Como não achar engraçado a mãe judia chorando porque irá perder o seu "filho homem" para os braços de uma "goi" (pessoa não judia), a mãe de santo, avó do Nico, que conversa com o ser mitológico judaico, o Nico que acha que o Golem na verdade é um encosto, a invetigadora coreana que passa boa parte do livro explicando que não é chinesa e nem japonesa. Esse livro é um retrato do que é o nosso país, um retrato da diversidade religiosa e étnica
Quanto aos skinheads, quem ler esse livro vai entender por que o único movimento fascista que o Brasil teve usava como saudação a palavra indígena Anauê, pois simplesmente não dá para pregar a superioridade da raça ariana em um país tão miscigenado como o Brasil. Se eu falar mais sobre os skinheads que aparecem nesse livro vou acabar estragando boa parte da surpresa, portanto, se desejar saber como termina a história, leia o livro.
Uma das sacadas da edição é o glossário no final da obra. Como o autor utiliza diversas palavras de origem judaica para dar um colorido a mais na descrição de algumas cenas, o leitor tem como saber o significado do que está lendo nesse apêndice.
A obra foi premiada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), seção brasileira do International Board on Books for Young People (IBBY), como um dos melhores livros infantis e juvenis publicados no Brasil. Na primeira fase da seleção, são escolhidos os Altamente Recomendáveis em cada uma de suas 18 categorias, e O Golem do Bom Retiro foi um dos sete livros da Edições SM contemplados.
Título: O Golem do Bom Retiro
Autor: Mário Teixeira
Ilustrações: Renato Alarcão
Editora: Edições SM
Páginas: 335
R$ 23,50
A aventura junta alguns personagens que em outros lugares não se olhariam duas vezes ao se avistarem andando na rua: Ariel, judeu, filho de um rabino; Riri, brasileira, uma garota que adora brincadeira de meninos, incluindo jogar bola; e Nico, um afrodescendente, órfão de mãe, engraxate e eventual morador de rua. Os três têm uma coisa em comum: problemas com uma turma de skinheads que infesta o Bom Retiro, bairro central de São Paulo.
Ariel, ajudado pelo futuro cunhado, Moisés, acaba recriando o mitológico Golem. Baseado nas tradições judaicas, o homem foi moldado em barro por Deus, que lhe soprou a vida através das narinas. Segundo antigas lendas o homem pode fazer o mesmo e dar vida a um Golem, mas o sopro que ele dará ao ser de barro não será divino, apenas humano, e a criatura ficará desprovida de alma. Pois bem, os três partem com o Golem nas mais diversas aventuras pelo Bom Retiro atrás dos skinheads, e até de picolé de limão a criatura aprende a gostar!
A narrativa é rápida, leve e cheia de sacadas geniais. Eu li o livro em dois dias! Impossível não se encantar pelo modo como o autor apresenta a miscigenação em seu texto. Como não achar engraçado a mãe judia chorando porque irá perder o seu "filho homem" para os braços de uma "goi" (pessoa não judia), a mãe de santo, avó do Nico, que conversa com o ser mitológico judaico, o Nico que acha que o Golem na verdade é um encosto, a invetigadora coreana que passa boa parte do livro explicando que não é chinesa e nem japonesa. Esse livro é um retrato do que é o nosso país, um retrato da diversidade religiosa e étnica
Quanto aos skinheads, quem ler esse livro vai entender por que o único movimento fascista que o Brasil teve usava como saudação a palavra indígena Anauê, pois simplesmente não dá para pregar a superioridade da raça ariana em um país tão miscigenado como o Brasil. Se eu falar mais sobre os skinheads que aparecem nesse livro vou acabar estragando boa parte da surpresa, portanto, se desejar saber como termina a história, leia o livro.
Uma das sacadas da edição é o glossário no final da obra. Como o autor utiliza diversas palavras de origem judaica para dar um colorido a mais na descrição de algumas cenas, o leitor tem como saber o significado do que está lendo nesse apêndice.
A obra foi premiada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), seção brasileira do International Board on Books for Young People (IBBY), como um dos melhores livros infantis e juvenis publicados no Brasil. Na primeira fase da seleção, são escolhidos os Altamente Recomendáveis em cada uma de suas 18 categorias, e O Golem do Bom Retiro foi um dos sete livros da Edições SM contemplados.
Título: O Golem do Bom Retiro
Autor: Mário Teixeira
Ilustrações: Renato Alarcão
Editora: Edições SM
Páginas: 335
R$ 23,50
Este texto foi produzido para a e-Zone Online
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