sábado, 25 de julho de 2009

Micronações: Elas não fazem parte da ONU


Quando Marajó tornou-se independente do Brasil, em 1998, primeiramente escolheu como sistema de governo a monarquia, dando origem à dinastia dos Castañedas. Em 1999, após um plebicito realizado pelo IMOPE (Instituto Marajoara de Opinião Pública e Estatística, hoje sediado no Reino Unido dos Açores) o Principado de Marajó tornou-se República, sem revolução, sem nada, tudo muito civilizado. Orange não teve a mesma sorte. O Principado de Orange nasceu em 1997 devido a disputas políticas entre os cidadãos de Pirraines e o Partido Verde, do Reino do Porto Claro. O povo descontente atravessou o Rio Oiapoque, que delimita a fronteira entre a Guiana Francesa e o Brasil, e instalou-se no Cabo Orange.

Se você não entendeu absolumente nada, não se assuste, você é normal, ou não é micronacionalista...

Micronações, Microestados, Estados Efêmeros, Países-Maquete etc., são simulações políticas. Parte desse "mundo paralelo" teve início em 1979, quando Robert Ben Madison, um garoto de 13 anos de Milwaukee (EUA), declarou a independência de seu quarto e nomeou-se rei absolutista do Reino de Talossa. Logo os colegas da vizinhança gostaram da idéia e criaram seus próprios países. Para resolver as pendências entre eles, que não demoraram a acontecer, acabaram criando a LoSS (League of Secessionist States, uma espécie de ONU micronacional que existe até hoje).

Divididas em várias "fonias", Lusofonia, Anglofonia, Eslavofonia etc., são atualmente centenas a micronações existentes. A maioria, modelista, busca simular, da forma mais realista possível, um país. A maior parte delas têm um território fictício, mas, se este não existe, o nível de realidade que atingem na política, no judiciário e na imprensa é de fazer muita nação real morrer de vergonha.

Ao contrário do que se podo imaginar, o micronacionalismo não tem como base única a internet: ele é anterior ao seu advento. Antes os governos e os nacionais de uma micronações utilizavam-se do velho correio e de telefonemas para fazer o seu país "funcionar". Com o aparecimento da internet, as comunicações micronacionais evoluíram, ao ponto de um dos primeiros podcasts a ter sido gravados foi a "Rádio Bombinha", um programa do Reino do Porto Claro, em 1997.

Vocês ainda não estão acreditando muito na realidade de tudo isso, não é mesmo? Se eu contasse mais sobre a 1ª MicroCon (Convenção Micronacional ocorrida na Assembléia Legislativa de São Paulo em 2001), ou a respeito da Primeira Cúpula Mundial de Micronações, realizada na Finlândia em 2003, ou sobre a criação da OLAM (Organização Latino-Americana de Micronações), em 1998, também não ajudaria em nada, então vou particularizar.

Como dizem os versos anônimos que são recitados desde novembro de 97 pelos cidadãos de Orange, a micronação situa-se "entre o Brasil e a Guiana, entre a terra e o mar, no limite entre a realidade e o desejo". Ela é "uma opção de vida diferente, em constante evolução para aqueles que querem viver longe da estupidez reinante". Nascida originariamente como uma confederação formada entre o Margraviado das Duas Pirraines, a República de Lafayette e Utrecht, transformou-se em Principado em 1998. Com a renúncia da Princesa Anne, a república foi declarada em 1999. Por virem "fugidos" da primeira micronação lusófona, o então Reino do Porto Claro, atualmente República, os "galantes" oranger imprimiram a frase sobre a "fuga da estupidez reinante", fazendo certa alusão as brigas como Partido Verde portoclarense.

Com várias pitadas de virtualismo "galante", Orange é a sede da velha Real Adega e Taverna Social, pertencente hoje ao Grupo Barman, onde se pode apreciar pratos "típicos", ricos em sátira, como o caso do Pelicano Amaconhado, ou a Sopa de Caranguejo, cuja receita recomenda ler o programa eleitoral do Partido Verde, para que os caranguejos morram ao escutar os contrassensos da ideologia "verdista". Entre suas cidades destacam-se a capital, Guillaumsbourg, Lorraine-Orange, capital parlamentar, e Orangestadt, sede do Schneiderismo, uma piada feita com o cidadão Guilherme Schneider que, responsável pela construção do site, desapareceu sem concluir o trabalho. Enquanto Schneider, como Dom Sebastião, não retorna, o cidadão Remus Lupin criou o site.

Mas nem tudo é brincadeira e tiradas culturais, contos e poesias. Também existe política, sistema judiciário, parlamento, lá chamado de Conselho das Florestas, e o Parquet, uma espécie de Ministério Público. Assim como seus colegas macronacionais Barack Obama, na Casa Branca e Cristina Kirchner, na Casa Rosada, a Casa Laranja é a residência oficial do Presidente de Orange. Hoje em dia, através de lista de mensagens do Yahoogroups, batizada pelos orangers de Chez Marianne, parte da população começa a discutir novamente sobre República x Monarquia, e talvez um novo sistema de governo surja.

Se você gosta de jogos políticos, tem muita imaginação, curte debates e quer vivenciar uma experiência diferente, corra para o posto de imigração micronacional mais próximo e requeira sua cidadania, em algumas será quase que automático, já em outras, poderá ver que algumas burocracias macronacionais refletem-se no micronacionalismo.

Para conhecer mais sobre o assunto: http://pt.micronations.wikia.com

Matéria produzida para o portal e-Zone Online

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