Moro em uma rua tranquila, com sabiás que cantam toda a manhã, sem quase barulho de trânsito, praticamente perfeita, se não se transformasse em sucursal do inferno das 11:45h às 13:10h e novamente das 17:45h às 18:30h. O motivo: a saída da escola que fica no começo da rua. As crianças são barulhentas? Não, os pais em seus carros é que são!
Um conhecido tem uma casa bem diante do portão da saída. Acabamos por unir o útil ao agradável: abrimos uma porta durante o período da saída da escola para vender livros infantis e infanto-juvenis novos, selecionados e com preço baixo. Não que alguém espere ficar milionário com a idéia, mas um dos motivos pelos quais topei foi, entre outros, saber o que as pessoas da minha rua, principalmente as crianças, lêem. Como tenho um "sebo on-line" e me comunico com alguns clientes há mais de seis anos, sei bem o que um leitor de Salvador, outro de Juíz de Fora e até um de Turkin, na Finlândia, lêem, mas não sei o que o meu vizinho lê, se é que lê.
Nos primeiros dias as visitas foram mais de alguns poucos curiosos do que propriamente de leitores. Conforme os dias foram passando, a curiosidade aumentou, e os beliscões também... Sim, as crianças querem atravessar a rua para ver os livros, olhar as ilustrações, saber qual é o mangá que tem para venda, se tem revista da Turma da Mônica (essa eu já aprendi, a gurizada simplesmente despreza revistinha da Disney), mas as mães não acompanham esse interesse. Já vi criança levar beliscão, tapa na cabeça, pescoção, entre outras agressões, por mães que passam bufando e lançando impropérios por entre os dentes, do tipo: "Esse povo não tem mais o que inventar"... Como se estivéssemos ali para tomar de assalto a bolsa dela e levar até o último tostão.
Uma mãe outro dia entrou para ver os livros infantis. Acabou não levando nada alegando que eles tinham "muita letra" e iria sobrar para ela ter que ler o livro para os filhos, que "são preguiçosos para ler".
Mas claro que nem tudo foram pedras. Uma professora da escola adorou a idéia e vai levar a classe para visitar a gente e ver os livros que temos. Uma menina de 4 anos foi comprar um livrinho de orações para crianças, afinal, segundo ela, até então só "rezava de cor". Dois irmãos, um de 8 anos e outro de 3, são nossos clientes vips. Moram duas casas para baixo e adoram as brincadeiras da revista Recreio. Um garoto que se interessou por um grande livro de dinossauros para pintar perguntou o preço. Um dia depois veio a mãe dele, junto com a avó, que é professora, verificar o que tínhamos para vender e, dentre os produtos ofertados, o que era melhor para incentivar a leitura do menino. Uma outra mãe foi conversar conosco. Ela tem um filho na escola e comentou que incentiva muito a leitura. Contou que já tomou olhar feio de outros pais ao presentear um aniversariante, amigo de seu filho, com um livro.
Eu sei que todas as rosas têm espinhos, mas às vezes é de cortar o coração as cenas que somos obrigados a presenciar devido a ignorância, a falta de paciência, nem digo a falta de dinheiro, pois algumas dessas mães que proíbem os filhos de cruzar a rua para ver as revistas e os livros não têm um real para gastar com um Cebolinha, mas têm para gastar com um refrigerante e um pacote de salgadinhos vendidos por um senhor que tem um carrinho de doces ao lado da porta da escola.. É triste, pois como disse uma professora, eles precisam disso, de livros, de leitura, mas sem o incentivo dos pais, isso de nada adianta.
Uma vez lembro de ter acompanhado a polêmica que girou em torno de uma entrevista do cartunista Ziraldo, pai do Menino Maluquinho, na qual ele disse que as escolas deveriam dar mais incentivo à leitura e não ao estudo. Concordo com ele: a criança incentivada desde pequena a ler tem um mundo de oportunidades e conhecimento infinito diante de si; a que não tem qualquer interesse em leitura nem pesquisa no Google vai conseguir fazer...
Um conhecido tem uma casa bem diante do portão da saída. Acabamos por unir o útil ao agradável: abrimos uma porta durante o período da saída da escola para vender livros infantis e infanto-juvenis novos, selecionados e com preço baixo. Não que alguém espere ficar milionário com a idéia, mas um dos motivos pelos quais topei foi, entre outros, saber o que as pessoas da minha rua, principalmente as crianças, lêem. Como tenho um "sebo on-line" e me comunico com alguns clientes há mais de seis anos, sei bem o que um leitor de Salvador, outro de Juíz de Fora e até um de Turkin, na Finlândia, lêem, mas não sei o que o meu vizinho lê, se é que lê.
Nos primeiros dias as visitas foram mais de alguns poucos curiosos do que propriamente de leitores. Conforme os dias foram passando, a curiosidade aumentou, e os beliscões também... Sim, as crianças querem atravessar a rua para ver os livros, olhar as ilustrações, saber qual é o mangá que tem para venda, se tem revista da Turma da Mônica (essa eu já aprendi, a gurizada simplesmente despreza revistinha da Disney), mas as mães não acompanham esse interesse. Já vi criança levar beliscão, tapa na cabeça, pescoção, entre outras agressões, por mães que passam bufando e lançando impropérios por entre os dentes, do tipo: "Esse povo não tem mais o que inventar"... Como se estivéssemos ali para tomar de assalto a bolsa dela e levar até o último tostão.
Uma mãe outro dia entrou para ver os livros infantis. Acabou não levando nada alegando que eles tinham "muita letra" e iria sobrar para ela ter que ler o livro para os filhos, que "são preguiçosos para ler".
Mas claro que nem tudo foram pedras. Uma professora da escola adorou a idéia e vai levar a classe para visitar a gente e ver os livros que temos. Uma menina de 4 anos foi comprar um livrinho de orações para crianças, afinal, segundo ela, até então só "rezava de cor". Dois irmãos, um de 8 anos e outro de 3, são nossos clientes vips. Moram duas casas para baixo e adoram as brincadeiras da revista Recreio. Um garoto que se interessou por um grande livro de dinossauros para pintar perguntou o preço. Um dia depois veio a mãe dele, junto com a avó, que é professora, verificar o que tínhamos para vender e, dentre os produtos ofertados, o que era melhor para incentivar a leitura do menino. Uma outra mãe foi conversar conosco. Ela tem um filho na escola e comentou que incentiva muito a leitura. Contou que já tomou olhar feio de outros pais ao presentear um aniversariante, amigo de seu filho, com um livro.
Eu sei que todas as rosas têm espinhos, mas às vezes é de cortar o coração as cenas que somos obrigados a presenciar devido a ignorância, a falta de paciência, nem digo a falta de dinheiro, pois algumas dessas mães que proíbem os filhos de cruzar a rua para ver as revistas e os livros não têm um real para gastar com um Cebolinha, mas têm para gastar com um refrigerante e um pacote de salgadinhos vendidos por um senhor que tem um carrinho de doces ao lado da porta da escola.. É triste, pois como disse uma professora, eles precisam disso, de livros, de leitura, mas sem o incentivo dos pais, isso de nada adianta.
Uma vez lembro de ter acompanhado a polêmica que girou em torno de uma entrevista do cartunista Ziraldo, pai do Menino Maluquinho, na qual ele disse que as escolas deveriam dar mais incentivo à leitura e não ao estudo. Concordo com ele: a criança incentivada desde pequena a ler tem um mundo de oportunidades e conhecimento infinito diante de si; a que não tem qualquer interesse em leitura nem pesquisa no Google vai conseguir fazer...
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